08 março 2012

Magistrados, bancos e parceiros

Rui Cardoso, candidato a presidente do sindicato dos magistrados do MP, comentando as críticas aos patrocínios dados por bancos ao congresso sindical, segundo refere o DN, reduz tais críticas a uma "confusão" entre a função judicial dos procuradores do MP e as suas funções sindicais. Diz mesmo: "O sindicato não faz investigação, o sindicato não tem processos, as funções estão claramente separadas".

Deve haver qualquer coisa que não funciona bem em Rui Cardoso. Um congresso de magistrados, sendo único e ainda que promovido pela associação sindical única, envolve magistrados e não pseudónimos de magistrados. Envolve quem vai fazer na segunda-fera ou fez investigação na quinta, e quem tem processos na mão muito para além da terça-feira. O magistrado patrocinado em congresso no sábado e domingo de Vilamoura é mesmo magistrado de segunda e terça-feira. Ou seja: em sindicato e em função do âmbito e temas do respetivo congresso, os magistrados não podem nem devem fazer o que individualmente lhes está vedado. E as coisas ficariam mais claras se, por exemplo, o BPN fosse também patrocinador oficial... Porque não? As funções não estão claramente separadas?

Importa sublinhar que o nosso comentário sobre esta matéria, feito no dia 3, antecedeu posições partidárias entretanto desenvolvidas, particularmente do PS. Rui Cardoso não deve atribuir ao PS aquilo que não é só do PS. Pelo nosso lado, reiteramos o que aqui foi escrito, e consideramos ser tão grave haver patrocínios bancários a um congresso de magistrados, como haver "parceiros" nos media. Assim se compreende que tenha sido o DN, que não foi parceiro do congresso, a referir a matéria, enquanto os parceiros dos magistrados a omitiram. E assim se compreende também que se conjeture que muito do protagonismo conseguido por João Palma, ainda presidente do sindicato, muito tenha a ver com as parcerias e não com as matérias "claramente separadas".

Os magistrados ficaram mal neste filme e Rui Cardoso estragou mais a película.

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